segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

FILOSOFIA - PLANEJAMENTO - 2011



*Texto original na pg. da CENP


Prezado(a) Professor(a),



Muitas vezes nos deparamos com jovens cheios de experiências e habilidades tão
diversas e extensas que os nossos recursos acadêmicos e aqueles adquiridos na prática
parecem insuficientes para promover uma participação mais ativa dos alunos no
desenvolvimento da atividade filosófica – sempre mais lenta e pausada.



Uma parte do difícil papel do professor de Filosofia é motivar os alunos a empenhar
a sua energia nessa atividade tão tradicional e aparentemente distante do interesse dos
jovens. Para responder a essa necessidade, o currículo de Filosofia foi estruturado por
temas que vinculam a tradição filosófica às questões do nosso tempo. Esses vínculos que
ampliam a própria perspectiva da Filosofia como disciplina da escola média, em muitos
casos, não foram trabalhados o suficiente na nossa formação acadêmica – “mais amiga
do pesquisar do que do ensinar”. Nesse sentido, os Cadernos tendem a contribuir para
realizar o diálogo entre a tradição filosófica e a vida contemporânea e assim subsidiar o
trabalho em sala de aula.



O currículo tem se efetivado nas escolas, o material que subsidia o mesmo está
pronto. Entretanto, essa terminalidade expressa pelos conteúdos e atividades propostas
não se realiza sem conflitos com o cotidiano escolar, tendo em vista que o aprendizado,
como você sabe, não é estático. Dessa forma, devemos considerar que o bom uso do
material e a realização do currículo dependem da sua atitude – ao promover adaptações e
mudanças que se fazem necessárias no sentido de adequar o material à sua realidade
cotidiana.



O material produzido pela Secretaria da Educação não se opõe à expressão e ao
cultivo da individualidade do professor e dos alunos, mas institui uma oportunidade de
atender às demandas para o ensino de Filosofia numa escola democrática tal como
estabelecido no currículo e que procura responder às mais diferentes expectativas dos
jovens. Para efetivamente atender a essas demandas e expectativas, faz-se necessário o


aprendizado pelos textos, a aquisição de habilidades e técnicas que interessam
vitalmente às necessidades e oportunidades da vida presente e à preparação para o
futuro sempre submetido à mudança.



Na atual concepção do currículo, a Filosofia como disciplina da escola média, deve
promover experiências e reflexões sobre os empreendimentos da vida que afetam o
presente e atingem o futuro. Atender à formação de atitudes, de sensibilidades e modos
básicos de satisfazer e responder a todas as condições que encontramos para viver deve
possibilitar melhorias na qualidade da vida futura tanto pessoal quanto social. Essa
ambição pode parecer exagerada, mas deve ser buscada em todas as atividades e ações
executadas no cotidiano das aulas de Filosofia.



[...] o aluno que tenha conseguido – na medida da precisão conceptual
possível no Ensino Médio – conquistar um acesso significativo a um
determinado conteúdo filosófico, implica que possa dispor dele com mais
liberdade para “aplicá-lo”, isto é, reutilizá-lo, transferi-lo para outras
situações cognitivas ou de análise, vale dizer, compor suas habilidades
[...].

Considerando essa aplicação ao plano pessoal-biográfico, uma
competência de contextualização a partir de conhecimentos filosóficos
pode ser muito importante na compreensão de determinadas vivências,
sem falar, é claro, da riqueza que o imenso panorama filosófico tem a
oferecer como contribuição na tarefa de construir uma (ou reconhecer-se
numa) visão de mundo cujos pressupostos busquem fundamentar-se de
modo refletido e crítico.

Por outro lado, ao conquistar um estilo pessoal de pensar e refletir, o aluno
tem a possibilidade de retornar essa reflexão sobre si próprio. Pode, nesse
sentido, identificar tanto a sua originalidade quanto a falta dela; valorizar o
trabalho como meio privilegiado da autoconstrução e desvalorizar a labuta
como valor em si; reconhecer suas capacidades, potencialidades e
dificuldades [...]. Além disso, é possível – como resultado lateral tanto
desejável como imprevisível – deixar livre o espaço para mudanças na
estrutura afetivo-motivacional, caso tenha conseguido, reflexivamente,
aperceber-se de sintomas que indicam obstáculos no seu “ir adiante” [...].


Que a Filosofia não seja, muitas vezes, afirmativa, pode ser muito útil,
quando tudo o que se necessita, num momento de formação, é examinar
criticamente as certezas e verdades, questionar os valores e deixar aberto
o espaço para a invenção significativa da própria vida.

Como, de fato, a vida de cada um se passa sempre num dado entorno
sócio-histórico-cultural, saber ler esse entorno com um olhar filosófico é de
fundamental importância para quem quer que seja. Nesse sentido, para
além de fornecer referências culturais, a Filosofia serve ainda mais quando
o aluno a contextualiza no seu tempo e espaço sociais [...]. Sobretudo,
pode auxiliá-lo a compreender a dimensão preeminentemente social que
tem sua própria vida e a descobrir que seu projeto de vida se torna tanto
mais pessoal e significativo quanto mais se aprofunda no contexto da
comunidade em que se projeta, seja ela entendida local, regional ou
universalmente [...].

(Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, pp. 58-60)



O planejamento é o momento para gestar novas possibilidades de trazer os jovens
para o exercício da Filosofia, sem esquecer o caminho já percorrido. Quais competências
e habilidades foram trabalhadas? Quais são mais significativas, considerando o que já foi
feito e o que precisa ser realizado? O que não foi devidamente abordado por conta dos
imprevistos? Essas questões se fazem necessárias na elaboração do planejamento.



Mais um ano se inicia com os velhos e novos alunos, com os vícios e virtudes
sedimentados e as promessas de mudanças que às vezes se efetivam e outras vezes se
mantêm no âmbito dos compromissos que não se realizam. Mas sempre temos a
esperança de melhoras e, nesse sentido, indicamos algumas possibilidades para o início
do seu trabalho – elas têm o sentido de estimular novas formas de iniciar o seu trabalho,
de aprimoramento do que você já faz na sua rotina fundamentada na sua experiência
como docente ou mesmo para instigar a crítica sempre bem-vinda no magistério e no
exercício filosófico.



Para os alunos da 1ª série que não tiveram ainda a oportunidade de entrar em
contato com o exercício da Filosofia a partir dos seus conteúdos e da sua história, pode
ser interessante começar o trabalho apresentando as condições históricas necessárias


para o início da Filosofia, como, por exemplo, o estranhamento proporcionado pelo
encontro com o outro – no caso da Grécia por meio da atividade comercial, das viagens
marítimas, a invenção do calendário e da moeda (novas possibilidades de abstração e
generalização), a organização social e política e a escrita alfabética que vai além de um
elencar de coisas. A Filosofia depende dessa escrita que busca abranger sentimentos,
ações e a sistematização dos saberes que devem ser perpetuados, constituindo-se em
herança social.



Ao tratar da escrita como condição para o exercício da Filosofia, você terá a
oportunidade de esclarecer a importância das habilidades de escrita, leitura e
interpretação do texto destacadas para a disciplina Filosofia.



Para os alunos da 2ª série, talvez seja interessante retomar as questões que
permeiam a sociedade democrática e a determinação dos direitos humanos. Essas
questões irão incidir no desenvolvimento das competências e habilidades vinculadas aos
conteúdos indicados para essa série, que contemplará fundamentalmente a reflexão e as
atitudes éticas.



A retomada das questões referentes aos valores e à reflexão ética poderá ser o
ponto de partida para iniciar a 3ª série.



Para realizar as revisões, você poderá se apoiar nos Cadernos e/ou em materiais
que você considere importantes para abordar os conteúdos e desenvolver as habilidades
e competências compatíveis aos tópicos previstos.



Equipe Técnica de Filosofia









Referência Bibliográfica:



BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio: Filosofia. Brasília: MEC, 1998.

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